sábado, 3 de agosto de 2013

Disturbios do Sono



Para conseguirmos levar a cabo as tarefas diárias que nos consomem energia, temos obrigatoriamente que ao fim de algum tempo nos recarregarmos e “encher o depósito que esvaziamos”, de maneira a voltarmos a estar prontos para novos ou repetidos desafios quotidianos. Algumas das recargas das quais falamos tratam-se da alimentação e do sono. Uma como outra, são indispensáveis ao bom funcionamento do ser humano, por serem restauradoras e reparadoras das necessidades básicas. No que respeita o sono, a necessidade varia de individuo para individuo. Existem pessoas para as quais quatro horas de sono são suficientes, mas existem aquelas que precisam no mínimo de nove horas para se sentirem repousadas. Também dependendo do horário de trabalho (turnos por exemplo), nem sempre é possível dormir no período mais provável (noite), nem à mesma hora ou a mesma quantidade de tempo. Quando o sono não se verifica ou é de fraca qualidade, assim como quando aparece durante o dia, insurgindo-se no meio das actividades diárias, quando o tempo total de sono é insuficiente ou é excessivo, dizemos que a pessoa sofre de Distúrbios do Sono ou Sonopatia. De origem biológica ou psicológica e resultantes do meio ambiente, estas perturbações podem ser várias, e de entre elas destacam-se: Apneia do sono (suspensão da respiração); Bruxismo (ranger os dentes); Pesadelos (sonho penoso); Narcolepsia (sonolência diurna excessiva); Terrores nocturnos (terror e gritos durante o sono); Sonambulismo (falar, sentar ou andar durante o sono); Jet lag (consequência de viagem e alteração de fusos horários); Síndrome das pernas inquietas (distúrbio neurológico que se manifesta por ardor e dor nas pernas) ou Insónia (dificuldade em iniciar o sono ou mantê-lo). Mas porque será o sono assim tão importante? Poder-se-ia pensar que quanto menos horas despendêssemos a dormir, mais tempo restaria disponível para efectuar todas as tarefas e obrigações do dia a dia. Errado. O sono serve para descansarmos, como foi dito: para recarregarmos energias, no fundo serve para estarmos acordados, motivados e interessados durante o dia. Por isso é necessário que da mesma forma, estejamos alerta e despertos durante o dia, para que à noite possamos dormir. Quando não dormimos ou dormimos mal começamos a ficar indispostos, cansados, irritados e indisponíveis para trabalharmos, estudarmos ou simplesmente estarmos com as pessoas que nos rodeiam, podendo inclusivamente chegarmos a ser agressivos. Um dos mais frequentes distúrbios do sono são as Insónias e manifestam-se não só pela dificuldade em adormecer mas também em manter o sono, havendo uma vigília intermitente ou um despertar matinal demasiado precoce. Quando algum problema surge na nossa vida, é normal que isso nos afecte ao ponto de transtornar o nosso sono. Bem como quando algo de importante está para acontecer e o evento nos deixa cheios de ansiedade, é provável que deixemos de dormir com a mesma tranquilidade. Nestas situações falamos de Insónias Transitórias ou de Curta Duração. Quando o problema se resolve ou o grande acontecimento passa, por norma este distúrbio desaparece. No entanto, quando isto não sucede num período até seis meses e as dificuldades em adormecer ou manter o sono persistem, passa a tratar-se de Insónia Crónica. A partir daqui o sofrimento é tal que a inevitabilidade do cair da noite e a consequente ida para a cama provocam um medo desesperador. Conseguir dormir transforma-se numa obsessão, num claro impedimento à qualidade de vida, reflectindo-se tanto nos relacionamentos como na vida social e obviamente resultando em problemas no trabalho e consequente e progressiva baixa de auto-estima. As limitações de sono prejudicam não só a nível mental como físico e a sensação de cansaço, dores de cabeça constantes, perdas de concentração e memória são sinais de debilidade do sistema imunitário que, por efeito, fica mais susceptível e atrito a doenças. A falta de sono reparador impede a regeneração natural da pele, as olheiras persistentes são disso prova e para além da iminência de ansiedade e depressão, os riscos de acidente estão na ordem dos 20%.

Dos três milhões de portugueses que sofrem de Distúrbios de sono, estima-se que na maioria dos casos a origem esteja no stress, doenças, toma de estimulantes e hábitos sociais inadequados. Assim, o tratamento pode passar pelo assimilar e pôr em prática de uma nova rotina, onde se incluem horas certas para deitar e levantar, bem como exercícios e técnicas de relaxamento. Embora existam situações que obriguem a toma de medicação, aconselha-se o acompanhamento psicoterapêutico, que funciona em 95% dos casos.
 
Silvia Silva - Psicologa Clínica

Sem comentários:

Enviar um comentário