sábado, 3 de agosto de 2013

Depressão


Todos nós já ouvimos alguém à nossa volta dizer que se sente triste, que acha até que está deprimido. A depressão não é um estado passageiro, não se trata de um dia ou de uma semana em que estamos por um motivo ou outro mais em baixo, o que leva a uma variação de humor. Também não é um único afecto que pode definir o estado geral do indivíduo. A depressão é uma doença da mente, caracterizada por tristeza sim, mas mais que isso, manifesta-se de forma marcante ou prolongadamente. Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. Ainda assim, uma pessoa com depressão não tem obrigatoriamente que estar a sofrer uma perturbação grave da sua estabilidade psicossocial, podendo antes encontrar-se a atravessar um período não só inevitável como necessário à sua evolução normal. Então o que podemos identificar como sintomas de depressão? Alterações de apetite e do sono; cansaço e perda de energia; sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima; sentimentos de culpa e de incapacidade; alterações da concentração; preocupação com o sentido da vida e com a morte; desinteresse, apatia e tristeza; alterações do desejo sexual; irritabilidade; lentificação das actividades físicas e mentais; chorar à-toa ou dificuldade em chorar; sensação de desesperança; dificuldade em terminar as coisas que começou ou sentimento de pena de si mesmo. Perante tais sintomas não podemos indicar uma justificação para que certas pessoas sejam mais susceptíveis que outras a ficarem deprimidas, pode no entanto dizer-se que existe antes de tudo uma predisposição no individuo para que tal aconteça, e que existem factores que podem influenciar o aparecimento e permanência de episódios depressivos, como situações ou condições de vida adversas: o divórcio, desemprego ou perda de um ente querido; aparecimento de doenças crónicas, infecciosas mentais ou hormonais, e o mesmo pode suceder com determinados medicamentos. Pessoas que já tiveram episódios de depressão ou história familiar de depressão, que coabitam com portadores de doenças graves ou têm empregos geradores de stress têm à partida maior propensão para despoletar casos depressivos. Sabe-se ainda que existe um número significativamente superior de mulheres e uma incidência nos períodos da adolescência, pós-parto, menopausa e velhice. No entanto atinge todas as faixas etárias e se não for tratada, a depressão pode ter como consequência o suicídio, resultante dos vinte por cento da população portuguesa afectada e que se reflecte em mais de 1200 mortes por ano. Por este motivo, determinar qual o factor ou os factores que desencadearam a crise depressiva pode ser importante, pois para o doente é indispensável aprender a lidar com esse factor por meio de tratamento. Uma em quatro pessoas em todo o mundo sofre de depressão e é esta a principal causa de incapacidades e a segunda de perda de anos de vida saudáveis entre as 107 doenças e problemas de saúde mais relevantes. Geralmente tudo se passa gradualmente, não necessariamente com todos os sintomas simultâneos, aliás, é difícil ver todos os sintomas juntos. Até que se faça o diagnóstico as pessoas vão encontrando explicações para o que lhes está a acontecer, julgando sempre ser um problema passageiro. A depressão pode ser episódica, recorrente ou crónica, e conduz à diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia e à perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis. Podendo durar de alguns meses a alguns anos, é indispensável pensar em procurar ajuda quando os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas.

Sílvia Silva - Psicologa Clínica

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