A violência na adolescência é cada vez
mais comum, tornando por isso também cada vez mais comuns as noticias quase
diárias de crianças e adolescentes que sofrem ou sofreram bullying. A partir
daí muito se tem dito, estudado e feito para perceber o bullying e as suas vítimas.
O perfil das vítimas, os traumas que ficam, como lidar com as consequências dos
que sofrem às mãos de adolescentes agressivos que para se exibirem ou se
armarem em fortes transformam a vida de alguém sem se darem conta de tal.
Então e os agressores? Os tais jovens
violentos que gozam, criticam, humilham, batem e magoam os outros… será que são
menos vítimas?
Cientificamente consegue-se perceber
que a agressividade está directamente ligada à imaturidade. Tanto à imaturidade
física, no que diz respeito às estruturas do cérebro, como à imaturidade
psicológica, no que diz respeito aos comportamentos e atitudes.
Dito de outro modo, sabemos que uma
criança ou jovem que não foi exposto a desafios ou frustrações suficientes, não
desenvolve estratégias de resolução de problemas. A super proteção familiar, a
permissividade e a rápida cedência às exigências dos mais novos, fá-los
acreditar que a vida é muito mais fácil do que os adultos querem fazê-los
acreditar. Jovens que não sejam contrariados, que não pensem pela sua própria
cabeça ou que não tenham consequências dos seus actos irreflectidos consideram
que não têm que se esforçar, porque da maneira como agem a vida corre-lhes bem.
Este contexto contribui para a
imaturidade psicológica, para a dificuldade em resolver problemas diários e até
mesmo pequenos conflitos. A nível físico (da estrutura do cérebro) as células
trabalham pouco e portanto não se desenvolvem. Quando a nível cerebral as
estruturas são imaturas, perante uma adversidade, será difícil responder de
forma madura e ponderada.
A nível social encontram-se ainda
outras respostas para a agressividade nos jovens. A necessidade de se
integrarem num grupo, de serem reconhecidos pelos seus pares e de eles próprios
não serem uma vez mais excluídos (quando em grande parte dos casos o são no seu
seio familiar) pode explicar este tipo de atitudes.
Se considerarmos que os jovens nos
dias de hoje são mais imaturos a todos os níveis, porque os pais têm cada vez menos
autoridade, estão cada vez mais frágeis, com maior dificuldade em contrariar,
em dizer não e em exigir-lhes o cumprimento de tarefas simples, é natural que
estes mesmos jovens tenham mais tendência para serem agressivos.
Para que essa agressividade seja clínicamente
diagnosticada como uma patologia é necessário que o jovem responda a
determinadas características ou critérios que serão avaliados pelo profissional
(psicólogo clínico) em contexto terapêutico.
É no entanto muito importante
compreender o histórico de vida desse jovem, perceber o seu contexto familiar e
social para poder ir ao seu encontro.
Isto não invalida de modo algum que o
jovem seja responsabilizado pelos seus actos, mas mais que o considerar como um
caso perdido há que o ouvir e entender que quando um jovem agride, mais do que
fazê-lo por maldade fá-lo na maioria das vezes porque sofre, porque não tem
apoio, não tem mimo, não tem orientação e precisa de deitar cá para fora essa
mágoa.
Sílvia Silva - Psicologa Clinica
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