quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Jovens violentos


A violência na adolescência é cada vez mais comum, tornando por isso também cada vez mais comuns as noticias quase diárias de crianças e adolescentes que sofrem ou sofreram bullying. A partir daí muito se tem dito, estudado e feito para perceber o bullying e as suas vítimas. O perfil das vítimas, os traumas que ficam, como lidar com as consequências dos que sofrem às mãos de adolescentes agressivos que para se exibirem ou se armarem em fortes transformam a vida de alguém sem se darem conta de tal.

Então e os agressores? Os tais jovens violentos que gozam, criticam, humilham, batem e magoam os outros… será que são menos vítimas?

Cientificamente consegue-se perceber que a agressividade está directamente ligada à imaturidade. Tanto à imaturidade física, no que diz respeito às estruturas do cérebro, como à imaturidade psicológica, no que diz respeito aos comportamentos e atitudes.

Dito de outro modo, sabemos que uma criança ou jovem que não foi exposto a desafios ou frustrações suficientes, não desenvolve estratégias de resolução de problemas. A super proteção familiar, a permissividade e a rápida cedência às exigências dos mais novos, fá-los acreditar que a vida é muito mais fácil do que os adultos querem fazê-los acreditar. Jovens que não sejam contrariados, que não pensem pela sua própria cabeça ou que não tenham consequências dos seus actos irreflectidos consideram que não têm que se esforçar, porque da maneira como agem a vida corre-lhes bem.

Este contexto contribui para a imaturidade psicológica, para a dificuldade em resolver problemas diários e até mesmo pequenos conflitos. A nível físico (da estrutura do cérebro) as células trabalham pouco e portanto não se desenvolvem. Quando a nível cerebral as estruturas são imaturas, perante uma adversidade, será difícil responder de forma madura e ponderada.

A nível social encontram-se ainda outras respostas para a agressividade nos jovens. A necessidade de se integrarem num grupo, de serem reconhecidos pelos seus pares e de eles próprios não serem uma vez mais excluídos (quando em grande parte dos casos o são no seu seio familiar) pode explicar este tipo de atitudes.

Se considerarmos que os jovens nos dias de hoje são mais imaturos a todos os níveis, porque os pais têm cada vez menos autoridade, estão cada vez mais frágeis, com maior dificuldade em contrariar, em dizer não e em exigir-lhes o cumprimento de tarefas simples, é natural que estes mesmos jovens tenham mais tendência para serem agressivos.

Para que essa agressividade seja clínicamente diagnosticada como uma patologia é necessário que o jovem responda a determinadas características ou critérios que serão avaliados pelo profissional (psicólogo clínico) em contexto terapêutico.

É no entanto muito importante compreender o histórico de vida desse jovem, perceber o seu contexto familiar e social para poder ir ao seu encontro.

Isto não invalida de modo algum que o jovem seja responsabilizado pelos seus actos, mas mais que o considerar como um caso perdido há que o ouvir e entender que quando um jovem agride, mais do que fazê-lo por maldade fá-lo na maioria das vezes porque sofre, porque não tem apoio, não tem mimo, não tem orientação e precisa de deitar cá para fora essa mágoa.

 

Sílvia Silva - Psicologa Clinica

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