A memória é talvez das áreas do
cérebro que mais determinam a personalidade. Aparentemente não terão tanta
importância como a coordenação de movimentos ou a área de raciocínio matemático
no entanto é a memória que nos permite armazenar conhecimento e evita que se
repitam todas as aprendizagens. A cada dado novo, cada informação, contará como
um acrescento à base já existente no cérebro e em conjunto com o já aprendido
terá uma outra recepção e um outro entendimento. O cérebro funciona como as gavetas
da cómoda lá de casa, as gavetas que menos utilizamos acabamos por esquece-las.
Assim vejamos, quando guardamos roupas de inverno e passamos todo o verão sem
as usar, quando começa novamente a fazer frio e vamos procurar o que guardamos hà
tanto tempo, às vezes temos verdadeiras surpresas, como se nunca tivéssemos
tido aqueles artigos, porque simplesmente nem nos lembramos. No entanto as
peças que mais utilizamos, relógio de pulso por exemplo, parecem quase fazer
parte de nós, nunca nos esquecemos e não passamos sem elas. São as situações
mais vivas no nosso cérebro que determinam de algum modo a nossa personalidade.
As fotografias que tendemos a tirar
sobretudo na infância recente dos nossos filhos, são ferramentas essenciais na
construção do carácter dos mesmos. As lembranças gravadas nas fotografias
contam histórias, a história de uma criança que à medida que cresce vai
preenchendo as lacunas da memória com provas físicas (fotografias) da sua
existência. A capacidade de memorização no ser humano dá-se desde a nascença,
no entanto as primeiras memórias são tão ténues que só passam a efectivas
quando constantemente estimuladas, seja com discursos relacionados ou com
fotografias comprovativas daqueles momentos.
A imagem projectada numa fotografia
diz muito do indivíduo. Não tendo palavras, a linguagem corporal ajuda-nos a
identificar á posteriori que tipo de emoções e sentimentos estaríamos a
experimentar no momento do clic. Ajuda-nos por isso a conhecermo-nos melhor a
perceber o nosso percurso, a definir a nossa história. As fotografias são então
importantes ao ponto de contribuir para a auto-estima, rever-se tem até o poder
de alterar sentimentos, isso acontece quando estamos muito tristes e revemos
fotografias de momentos muito alegres e simpáticos.
Quando vemos um álbum e não constam
fotografias de uma determinada altura da vida, parece que temos um sentimento
de vazio. O comprovativo do nosso percurso é sem dúvida fundamental para nos
sentirmos mais confiantes e seguros, não só do que somos, mas do que vivemos e
ajudou a definir a pessoa em que nos tornamos.
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