sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Fotografia




A memória é talvez das áreas do cérebro que mais determinam a personalidade. Aparentemente não terão tanta importância como a coordenação de movimentos ou a área de raciocínio matemático no entanto é a memória que nos permite armazenar conhecimento e evita que se repitam todas as aprendizagens. A cada dado novo, cada informação, contará como um acrescento à base já existente no cérebro e em conjunto com o já aprendido terá uma outra recepção e um outro entendimento. O cérebro funciona como as gavetas da cómoda lá de casa, as gavetas que menos utilizamos acabamos por esquece-las. Assim vejamos, quando guardamos roupas de inverno e passamos todo o verão sem as usar, quando começa novamente a fazer frio e vamos procurar o que guardamos hà tanto tempo, às vezes temos verdadeiras surpresas, como se nunca tivéssemos tido aqueles artigos, porque simplesmente nem nos lembramos. No entanto as peças que mais utilizamos, relógio de pulso por exemplo, parecem quase fazer parte de nós, nunca nos esquecemos e não passamos sem elas. São as situações mais vivas no nosso cérebro que determinam de algum modo a nossa personalidade.

As fotografias que tendemos a tirar sobretudo na infância recente dos nossos filhos, são ferramentas essenciais na construção do carácter dos mesmos. As lembranças gravadas nas fotografias contam histórias, a história de uma criança que à medida que cresce vai preenchendo as lacunas da memória com provas físicas (fotografias) da sua existência. A capacidade de memorização no ser humano dá-se desde a nascença, no entanto as primeiras memórias são tão ténues que só passam a efectivas quando constantemente estimuladas, seja com discursos relacionados ou com fotografias comprovativas daqueles momentos.

A imagem projectada numa fotografia diz muito do indivíduo. Não tendo palavras, a linguagem corporal ajuda-nos a identificar á posteriori que tipo de emoções e sentimentos estaríamos a experimentar no momento do clic. Ajuda-nos por isso a conhecermo-nos melhor a perceber o nosso percurso, a definir a nossa história. As fotografias são então importantes ao ponto de contribuir para a auto-estima, rever-se tem até o poder de alterar sentimentos, isso acontece quando estamos muito tristes e revemos fotografias de momentos muito alegres e simpáticos.

Quando vemos um álbum e não constam fotografias de uma determinada altura da vida, parece que temos um sentimento de vazio. O comprovativo do nosso percurso é sem dúvida fundamental para nos sentirmos mais confiantes e seguros, não só do que somos, mas do que vivemos e ajudou a definir a pessoa em que nos tornamos.

 
Sílvia Silva - Psicologa Clinica

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