De acordo com a Organização Mundial de Saúde é considerado idoso
aquele que tem mais de sessenta e cinco anos, mas esta fronteira
entre pré e pós idoso não é linear e, depende muito do estado de
desenvolvimento do país em que se insere. Em Portugal a esperança
de vida tem uma média de 78,1 anos distribuída por 75 anos para os
homens e de 81,2 para as mulheres, um número algo elevado se
tivermos em conta que a média geral mundial é de 67,2 anos. Certo é
que, este número tem vindo a crescer com o progresso da sociedade em
geral e essa é uma das razões porque hoje existe a maior taxa de
idosos de sempre. Em Portugal atinge os 17%. O envelhecimento como
processo natural no desenvolvimento de cada um de nós, traz a ele
associado as mais diversas transformações e perca de recursos
fisiológicos, doenças crónicas e várias limitações, sobretudo
motivadas por questões psicológicas e sociais. Depois de uma longa
vida activa, o mais comum é encontrar nas pessoas ditas velhas,
tristeza e solidão. A sociedade actual continua despreparada na
reintegração das pessoas que atingiram a terceira idade.
Nomeadamente após se reformarem as pessoas ficam e sentem-se à
deriva, sem saber o que fazer a partir dali. A disparidade entre uma
vida de trabalho e dias inteiros sem qualquer actividade agendada e
obrigatória causa uma descompensação que torna os mais velhos
susceptíveis a patologias. Para tal contribui a rejeição e
preconceito de uma população dita desenvolvida, onde só cabem os
activos e com sucesso, e que mantém a crença de que a velhice torna
as pessoas fracas e inúteis. É por isso urgente promover a inclusão
social e garantir os direitos desses
cidadãos, muitas vezes vítimas de violência não só física como
psicológica. Depressão, ansiedade,
problemas relacionados com dor, perturbações do sono, perda de
independência e abordagem sistemática de assuntos ligados à morte,
são frequentemente diagnosticados pelos psicólogos. A função dos
terapeutas passa também pela avaliação de estados de demência
e outras perturbações da memória e capacidade de desempenho de
tarefas, para além de trabalharem com os familiares no sentido de um
melhor entendimento da doença. Percebendo que a luta pela realização
de um objectivo é na maioria das vezes mais estimulante que a
efectivação do mesmo, perguntamo-nos que incentivo têm aqueles que
consideram que o tempo útil para a realização de sonhos terminou.
É importante que estabeleçam novos objectivos, em que um estilo de
vida activa esteja presente, através de actividades que proporcionem
sentimentos de prazer, de satisfação e divertimento como ginástica,
dança, natação ou caminhada. As mais valias físicas passam pela
manutenção dos reflexos, flexibilidade, mobilidade, melhoria da
capacidade cardiorespiratória, conservação do equilíbrio e
aumento da densidade óssea. Quanto aos benefícios psicológicos
podemos destacar a diminuição da depressão e a melhoria da
auto-estima, para os quais contribuem também actividades culturais,
como assistir a espectáculos, visitas a museus, excursões ou até
mesmo fazer voluntariado. Na terceira idade nada acaba, simplesmente
muda. Assim também a sexualidade pode e deve continuar a fazer parte
da vida dos mais “crescidos”, sobretudo se relembrarmos que
sexualidade é muito mais que o acto sexual. Na terceira idade o
importante é manter a independência e prevenir a incapacidade e
especialmente garantir a qualidade de vida.
Sílvia Silva - Psicologa Clínica
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