Independentemente
de se gostar muito ou pouco, o que é facto é que as antigas
brincadeiras de miudos pertencem definitivamente ao passado. O jogar
ao berlinde, à macaca, às escondidas ou à apanhada deixaram de
fazer parte do quotidiano dos nossos filhos. A pouco e pouco a
técnologia foi-se instalando e actualmente é impossivel
dispensarmo-la. A televisão há muito que nos vicia a todos. E se
inicialmente as crianças tinham pouco acesso porque nos lares havia
quanto muito um aparelho, sobretudo destinado ao lazer dos mais
velhos, agora não é raro que hajam pelo menos dois ou três
televisores por casa, em que no minimo um se destina total e
exclusivamente aos mais pequenos.
Os
carros comandados, os pequenos jogos electronicos portateis ou os
walkman’s seguiram-se nesta evolução sem no entanto criar a
dependencia verificada hoje.
Os
jogos de computador foram aparecendo e sendo inseridos no dia a dia
dos mais pequenos. A densa e complexa máquina de marketing aliada à
melhoria de condições económicas por parte dos pais, fez com que
estes satisfizessem os caprichos dos filhos, criando assim um efeito
de causa consequencia, justificado ainda pelo aumento de horas de
trabalho nos empregos, principalmente para as mulheres que deixaram
de acompanhar a educação das crianças a tempo inteiro, resultando
na sua pouca disponibilidade e na necessidade de manterem as crianças
ocupadas de uma forma agradavel, tranquilizando os pais por
considerarem que, de alguma forma, as estavam a compensar.
A
televisão, tal como os jogos de computador, não tem que ser, ou
pelo menos não deve ser encarada como mau ou prejudicial. O que
torna qualquer tecnologia pouco benéfica é o seu uso excessivo, que
por um lado potencia sentimentos de agressividade, competição a
qualquer custo e dificuldades de partilha e por outro inibe
processamentos de pensamento, capacidade de criação, para além de
aumentar o sedentarismo. Hoje sabe-se que a percentagem de
sedentarismo relacionada com a utilização de tecnologias ronda os
73% nas crianças.
A
responsabilidade de grande parte desta percentagem pode atribuir-se à
internet.
A
partir dos 6 anos, com a entrada no mundo escolar inicia-se também
o interesse pelas tecnologias que permitam maior conhecimento. Uma
vez mais não será a internet uma ameaça por si só, mas sim o que
a ela está directa ou indirectamente ligado. É urgente que os pais
enquanto educadores entendam que como em qualquer nova aventura, as
crianças a podem viver mas sempre com acompanhamento e atenção. É
preciso serem-lhes ensinados os limites, as regras e assim o controle
que progressivamente poderão autonomamente adquirir. O tempo máximo
de utilização, a forma como o fazem, o que podem e não podem, são
itens intransponiveis. Se os pais estiverem por perto, para além de
controlarem e ajudarem na navegação, podem igualmente participar
jogando ou dando dicas. Quando esta tecnologia é utilizada como meio
de estudo, pode ser efectivamente um auxiliar educativo de excelencia
tanto na navegação, como sempre que são utilizados softwares
educativos com incidencia por exemplo no desenvolvimento do
raciocinio lógico-matemático.
Mas
para isso é indispensavel que os pais se envolvam, estejam a par e
percebam que funcionalidades e objectivos têm cada um dos
brinquedos, jogos ou outros recursos tecnologicos que as crianças
utilizem e sejam peça fundamental nessa selecção.
Alguns
brinquedos, como por exemplo o tamagotchi, auferem à criança um
sentido de responsabilidade, preocupação e controlo que lhes
aumenta as potencialidades humanas. O facto das novas tecnologias
poderem facilitar a comunicação e deitar por terra barreiras
fisicas é um dos principais pontos positivos a elas relacionado,
sobretudo se pensarmos nas crianças com deficiencias fisicas. A
utilização das novas tecnologias permite-lhes estar e se sentir no
mesmo patamar que as outras crianças oferecendo-lhes um novo
sentimento de igualdade, e o serem estimuladas permite o aparecimento
de outras potencialidades. Desta forma poderão aprender ao seu
ritmo, contrariando um possivel insucesso escolar.
Principais
riscos na internet:
Invasão
de privacidade; Assédio e solicitações online; Cyberbullying;
Sites agressivos ou de conteúdo inapropriado; Sites que incentivam o
suicídio
Dicas
para consultar:
“Pais
e Filhos na Internet –Um guia para uma navegação segura”; Links
e Recursos propostos pela American Academy of Pediatrics; Growing Up
Online
NetSmartz;
Childnet International
Tenha
também em conta que os dispositivos de bloqueio a sites ou temáticas
indesejadas não são totalmente fiáveis, pois muitas vezes limitam
informação inofensiva e não detectam a negativa. O melhor
dispositivo de protecção é colocar o computador num local de
passagem da casa, de maneira a que possa a qualquer momento verificar
o que o seu filho está a fazer, devendo por isso passar regularmente
por esse espaço. É completamente desaconselhado que o computador
das crianças ou adolescentes esteja no quarto destes o que poderá
impossibilitar os pais de o consultarem visualmente sempre que
desejem.