terça-feira, 8 de abril de 2014

Comportamentos agressivos em crianças e adolescentes





A perturbação do comportamento infantil e juvenil é uma patologia que tem vindo a evidenciar-se nas últimas gerações e que com ela traz consequências, de peso extremo, sociais e pessoais consideradas irreversíveis. Esta conduta não é nova, mas com a evolução e a enorme preocupação com os direitos humanos fundamentais, sobretudo os das crianças, seria de esperar que todas as condições estivessem reunidas para um desenvolvimento saudável tanto físico como psicológico, bem como um crescimento satisfatório nas crianças do mundo contemporâneo. Considera-se sobretudo necessário que o nascimento de um filho seja resultado de um projecto do casal, apesar disso é frequente observar que o dispêndio de energia inerente ao projecto parental educativo, assim como a realidade do nascimento e crescimento de uma criança com as implicações e obrigações que tal acarreta, ultrapassam muitas vezes a disponibilidade parental. A falta de regras e orientação básicas no construir do caminho evolutivo de uma criança é representativo da volubilidade parental que desencadeia a insegurança e baixa auto-estima na criança. Para se falar de uma criança nunca a podemos descrever isoladamente, sendo preciso fazê-lo no contexto em que ela se insere e onde tem crescido. Mesmo que as crianças possam não ser inofensivas, são inocentes e a sua culpabilidade e responsabilidade tem de ser partilhada por quem as educa ou educa mal. As crianças protestarem e discutirem quando algo lhes é indeferido, é uma saudável e sintomática da necessidade de independência e autonomia, as birras são uma manifestação que caracteriza um desenvolvimento psico-afectivo normal ao contrário de birras incontroláveis, assim como a agressividade excessiva e os estados de agitação, pela disrupção que provocam. É preciso dizer que dificuldade no exercício da função não se pode confundir com incapacidade parental. A satisfação das necessidades educacionais, alimentares, psicológicas e afectivas da criança está directamente na proporção da formação de carácter do indivíduo em causa, assim como a gravidade dos comportamentos perturbados está também directamente ligada à precocidade dos primeiros comportamentos desviantes. E se por um lado está a falta de amor, por outro encontramos também o chamado “amor demais” que leva à super-protecção, impedindo a criança de experimentar e vivenciar as mais diversas tarefas e com elas crescer. Se a criança não é confrontada com situações de responsabilidade e não sofre a consequência das suas escolhas, dá lugar a condutas instintivas e responde com impulsividade a qualquer situação que lhe provoque alguma ameaça ou risco de perder a sua segurança e comodidade. A vontade dos pais em quebrar padrões rígidos, origina a compensarem os filhos pelo que não tiveram. À medida que cedem, perdem não só o controlo do que se passa, mas a firmeza e a certeza de a qualquer momento conseguirem resgatar a situação. O esforço que fazem para evitar sentimentos de frustração na criança aliado à indefinição de limites leva-a à incapacidade de compreender que não pode ter tudo ou que para ter é preciso esperar, desejar, imaginar ou criar. O facilitismo na velocidade com que a exigência é satisfeita e o capricho saciado, oferece aos mais pequenos uma imagem distorcida da realidade, que os desprepara para a vida adulta, que os engana e os fragiliza, tornando-as crianças vegetativas e inseguras, e lhes cria expectativas falsas de conseguirem alcançar objectivos ambiciosos sem esforço. São as rotinas, o respeito, os limites que por um lado (pais) se impõem e por outro lado (filho) se respeitam, o diálogo e liberdade de expressão, o suporte afectivo, o mimo e/ou o elogio que fazem com que inicialmente a criança e posteriormente o adolescente saiba que tem um lugar no mundo, que é o lugar especial que tem naquela família.

Sílvia Silva - Psicologa Clínica

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Síndrome do Pânico


Com um aumento galopante no que se refere ao número de padecentes, o Síndrome do Pânico é um tipo de ansiedade que pode levar a alterações significativamente negativas na rotina diária, assim como na qualidade de vida pessoal e social de quem sofre com esta patologia. Caracterizado por um estado de ansiedade que vai crescendo, este quadro vai em simultâneo tornando-se cada vez mais irracional, por se tratar de fobias ou medos de algo impalpável e invisível. A ansiedade faz parte do ser humano e trata-se de uma reacção biológica a momentos que antecedem perigo real ou hipotético. No entanto quando se vivem episódios de extrema ansiedade, estamos perante situações limite, conhecidas como ataques de pânico. Este síndrome tem geralmente inicio em jovens adultos, sobretudo na faixa etária entre os 25 e os 30 anos e atinge sobretudo as mulheres, em mais 50 por cento que os homens. Sendo considerada uma doença do foro psicológico pela OMS (Organização Mundial de Saúde), tem normalmente a ela associada a depressão, as drogas, o alcoolismo e conclui-se ainda, que os indivíduos que sofrem com transtorno do pânico revelam estatisticamente uma maior incidência nas tentativas de suicídio. As crises de pânico são variáveis na sua duração, podendo manter-se apenas alguns minutos ou horas a fio, e tem como principais sintomas batimentos cardíacos rápidos, sensação de vazio no estômago, contracções musculares, medo de perder o controlo, transpiração e aperto no tórax, para além da sensação de medo intenso e irracional de algo, como a morte imediata por exemplo. Após uma primeira crise sobre a qual aparentemente não se percebe o factor desencadeador, o que muitas vezes acontece é o indivíduo começar a associar o local onde se reproduziu essa crise inicial ao motivo em si. Por exemplo se começa por ter uma crise de pânico num café, sempre que a partir daí se dirigir a um café irá associar esse local ao ataque de pânico, o que pode dar origem a fobia. São chamados os factores externos. Quando por outro lado se sente com alguma sensação corporal estranha que identifique como algo que sentiu aquando de uma crise, isso por si só pode realmente despoletar um ataque de pânico. É o que se considera medo do medo. E são estes últimos os factores internos que podem dar origem a episódios de transtorno. Os indivíduos com este síndrome podem enfrentar estas circunstâncias pontualmente, mas isto também pode acontecer com grande frequência. Nesse caso pode realmente transtornar a vida da pessoa e alterar-lhe as experiencias sociais pela vergonha, estigma social e pelo afastamento que a própria doença promove, resultando de tudo isso um isolamento inicial, que leva ao medo de estar com outras pessoas, em lugares amplos (que não a sua casa, acolhedora e protectora). Por ser uma patologia do foro psicológico ou psiquiátrico necessita imperativamente de tratamento. Assim, quem se encontra nestas condições deve sempre procurar ajuda especializada. O mais aconselhado para situações deste tipo é um acompanhamento específico a nível psicológico, em que o tratamento é feito através de terapia cognitivo-comportamental. Este é um tipo de terapia activa que consiste em traços gerais, em ensinar ao paciente estratégias de respiração entre outras, que o ajudem a aprender a auto-controlar-se. Pode consistir também na exposição gradual e repetida ao elemento fóbico, ou seja, ao que motiva o inicio das crises, para que a habituação crescente à razão do medo, provoque maior conhecimento relativo ao mesmo e o individuo consiga assim expectar esse estado com alguma segurança permitindo-lhe um maior auto-controle, ou não conseguindo antecipar o que o espera, aprenda a lidar com os acontecimentos e encontrar estratégias para resolver os mesmos. Em qualquer dos casos o acompanhamento, psicológico é aconselhado, não devendo por nenhuma razão ser alterado ou interrompido, por daí poder resultar um agravamento da doença.  
Sílvia Silva
Psicóloga Clinica