sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Inicio escolar


Mais um ano escolar que deu início. As mesmas dúvidas de sempre, se os livros chegam a tempo, se este ano os filhos se vão aplicar mais, se se consegue comprar tudo sem dar um rombo no orçamento, se a turma dos nossos filhos será bem comportada, se os professores serão simpáticos e acessíveis… preocupações naturais para os pais. O que é facto é que para uma criança ter um desenvolvimento escolar normal, é preciso que reúna todas as condições não só físicas mas também psicológicas. A pré-disposição que levam para as aulas, sobretudo os mais pequenos que este ano se estrearam nestas andanças “dos grandes”, é fundamental e determinante. Quando os pais com a sua sabedoria e serenidade explicam a um filho que a escola é como uma arca onde se guardam os tesouros que eles com empenho irão conquistar, o mundo-escola não chega a ser um bicho-de-sete-cabeças. É sim encarado como um jogo, onde cumprindo as regras se pode ganhar. É um desafio em que cada novo amigo se torna num aliado desta viagem inconfundivelmente fascinante.

Sílvia Silva - Psicologa Clínica

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Terapia familiar


Este tipo de terapia surgiu na segunda metade do Séc. XX, apresentando-se como uma inovadora e poderosa ferramenta de auxilio a famílias com problemas funcionais.

O que distingue esta forma de tratamento de todas as outras é o facto de se considerar o problema como um todo, independentemente das partes. O quadro normal em famílias que procuram ajuda na terapia familiar é estas serem constituídas por elementos que na sua individualidade ou nas suas relações com os outros não apresentam queixas.

Quando juntos em ambiente familiar, os vários elementos acabam por se desentender, dando origem a situações de desconforto, de agressão psicológica, verbal ou física que resultam num conflito manifestamente desagradável. Situações de tristeza ou mau estar são também vulgares nestes quadros familiares. A principal questão é perceber que mesmo nas situações em que apenas um elemento se apresenta como “o problema” na maioria dos casos ele é apenas o sintoma da patologia dentro daquele sistema em especifico. Por exemplo um adolescente pode ter dificuldades de aprendizagem, desafio aos pais e/ou falta de respeito para com os mesmos e no entanto ser um jovem bem sucedido entre os pares e sem levantar problemas de maior nos vários contextos sociais de que faz parte. Uma análise ao funcionamento daquela família poderá mostrar inexistência de qualidade afectiva entre os pais e/ou destes para com o adolescente. Outro exemplo poderá ser uma situação depressiva num dos elementos do casal que acaba por implicar na dinâmica familiar com os filhos (desatenção, desinteresse, reacções agressivas), mas que resultou do afastamento do cônjuge por mau entendimento na intimidade sexual que este não soube resolver dentro do casal.

Parece-nos claro que, quando um indivíduo recorre a ajuda psicológica levado por um ambiente familiar hostil, o trabalho terapêutico terá um pequeno impacto uma vez que conseguirá quanto muito ajudar o paciente a lidar com a situação que ali o trouxe mas não a resolve-la. Quando o acompanhamento psicológico é com crianças, o psicólogo envolve, ou tenta envolver ao máximo os pais nesse processo de modificação de atitudes e processamento de informação. Também nestes casos, com crianças, na sua grande parte elas não passam de sintomas de problemas conjugais dos seus progenitores, ou outros problemas familiares.

Por isso mesmo o que a terapia familiar propõe é inverter os papéis: em vez de considerar o indivíduo com o seu problema e procurar perceber a família em que se inclui como forma contextual de inserção do mesmo, considera a família com o seu problema, procurando perceber os vários elementos que a constituem e que estarão na origem das situações que ali se apresentam. A abordagem diz-se sistémica por isso mesmo, porque o acompanhamento é feito em sistema de família deixando para segundo plano os sujeitos que dela fazem parte. Neste tipo de orientação considera-se que cada pessoa não pode ser vista isoladamente, mas sim inserida num sistema familiar e que todos os seus actos são resultantes da qualidade da engrenagem.

A terapia familiar está indicada aquando da necessidade de mudança de funcionamento da família. Assim entende-se que terapia familiar é toda a terapia que se aplica simultaneamente a mais que um elemento da mesma família e que, o resultado da mudança de um dos elementos irá implicar inevitavelmente nos outros elementos. Para tal é obviamente fulcral que os elementos implícitos na família sistémica se disponibilizem a fazer parte da terapia, com tudo o que esse processo entende.

Daí ser imprescindível definir o plano de tratamento e estabelecer com todos os intervenientes o ou os tipo(s) de acompanhamento que se irá(ão) efectuar. No decorrer do acompanhamento define-se se deve trabalhar com todos os elementos familiares em simultâneo, se só com uma parte ou se com um elemento individualmente.

Podemo-nos focar nos padrões de relacionamento da família, nas pessoas que constituem aquele sistema familiar de forma independente conjugando toda a informação a posteriori. Este tipo de terapia poderá ainda abranger elementos externos à família, como vizinhos ou amigos que façam parte da rotina familiar. Existem terapeutas que adoptam o método multi familiar, em que várias famílias integram a mesma sessão e são ouvidas, expondo situações semelhantes entre si.

Na terapia familiar outra das situações recorrentes é a terapia sexual ou conjugal. Quando um casal entra num processo de dificuldade de comunicação ou de sintonia na relação, não é raro optar por acompanhamento numa terapia que o ajudará a perceber o estado da relação. Fazendo o ponto da situação poderá projectar o futuro junto ou separado, mas sempre consciente do que mantêm em comum. Dentro da terapia conjugal conseguem perceber-se dificuldades a nível sexual como sintomática do detrioramento da relação, ou problemas no casal resultantes por exemplo de situações mal resolvidas na família mais alargada como com pais e sogros.

Também no intuito de minimizar os danos psicológicos do casal ou dos seus filhos, a crescente percentagem de divórcios leva a que se recorra cada vez mais a terapeutas familiares, para a resolução de disputas relativas à guarda dos filhos ou financeiras, o que levou à criação dos Mediadores Familiares.                                  

Sílvia Silva - Psicologa Clínica